Uma
mentira dita repetidas vezes acaba tornando-se verdade. Cabe a nós
sabermos que essa “verdade” cretinamente construída não passa de uma
tentativa baixa de nos desinformar. Gravem essa palavra: DESINFORMAR.
Pensem: quem tem a função da informação dentro de uma sociedade
democrática? Se “os meios de comunicação” foi a resposta, está correto.
A mídia? Também está correto. Entretanto, quem nos desinforma? A mídia?
Os meios de comunicação? Sim. A desinformação não nasce conosco: saber
nada não significa saber errado. Desinformar não é a mesma coisa de não
informar; é apenas informar erroneamente, intencionalmente ou não.
Em
tempos de eleição, vemos os políticos tentando de tudo um pouco para
serem eleitos. Compra de voto, apelações emotivas, e MENTIRAS. A
eleição presidencial, principalmente na reta final para o primeiro
turno e durante a presente campanha do segundo, esteve repleta de
calúnias. Tudo por mais um voto. O aborto, uma questão de saúde
pública, foi levado por um cunho apelativo religioso, com a intenção de
ganhar os votos dos cristãos. José Serra, do PSDB, disse ser contra o
ato abortivo. Mas há alguns anos, o mesmo regulamentou o aborto no SUS
– em caso de violência sexual, em até 20 semanas – e causou revolta na
Igreja Católica. Ser a favor do aborto é louvável. Mudar o discurso só
para ganhar voto é que é baixo, mesquinho, desprezível. Porém, a mídia
tem seu papel. Sobre esse caso, foi divulgado em um dos principais
jornais brasileiros que a mulher do candidato teria abortado, com a
tentativa de criminalizá-lo. Me digam vocês, qual a contribuição que um
boato como esse dá à democracia de um país? Benéfica, nenhuma.
Contribui apenas para a desinformação, para a cretinice da campanha
eleitoral e da formação de opinião pública, desviando o verdadeiro foco
do interesse real de um processo eleitoral democrático. Vejamos, agora,
a mídia agindo sobre o outro lado da moeda.
Perguntem
a qualquer pessoa que passa na rua quem é Dilma Rousseff.
Provavelmente, pelo menos algumas serão do tipo: “é uma mulher
despreparada”; e nos casos mais extremos, mas um tanto quanto
freqüentes “assassina, ditadora”. De onde vem essa idéia? Além das
propagandas eleitorais, que algumas vezes jogam baixo, tanto de um lado
(PT) quanto de outro (PSDB), existe a legitimação dada pela mídia,
ainda que de uma forma indireta. Por exemplo: uma edição da revista
ÉPOCA, antes do primeiro turno, estampava na capa “O Passado de Dilma”:
a reportagem remetia à participação da candidata em organizações
armadas contra a ditadura. A mídia, nesse caso, não tenta explicar os
motivos pelos quais a atual candidata agiu de uma forma ou de outra. A
tentativa é criminalizar e dizer “o passado que Dilma tenta esconder”.
É verdade, sim, que a estratégia do PT é esconder esse fato. Mas, ao
meu ver, apesar de não gostar da tecnicidade exacerbada das campanhas
eleitorais, direcionadas por marketeiros, esconder esse fato é por
saber que o tal não seria bem aceito pela população – lutar contra a
ditadura é motivo de orgulho, mas boa parte da população recriminaria
pelo caráter “armado” da revolta em que Dilma teria participado. O que
a revista procura fazer é colocar Dilma num patamar de criminosa. Um
claro descompromisso com a verdade. Em um caso, o levantamento de fatos
irrelevantes e prejudiciais à formação da opinião pública. Noutro, a
irresponsabilidade e inconseqüência jornalísticas.
Sobretudo,
neste breve texto, não tento abordar ideologias políticas, partidárias,
ou quaisquer que sejam. Tento, portanto, dizer que nem tudo que vemos e
lemos é cru: em muitas das vezes, há algo por trás; em muitas da vezes,
há irresponsabilidade jornalística. Logo, o que podemos fazer para não
cairmos nas mentiras que se tornam “verdade”? Na minha mera opinião,
estimular o senso crítico é a solução. Pergunte-se “por que?” com a
mesma freqüência com que você pisca o olho. Não gastemos nosso tempo
acreditando em inverdades.
Por Vitor Bahia
Por Vitor Bahia
PS.: hoje tem debate dos presidenciáveis na Rede Record - discutir política faz bem e é necessário